ai, ai, ai, ai, ai, ai…

Duas notícias nesta semana me chamaram a atenção. Eis as manchetes:

Bruna Surfistinha tem R$ 4 milhões para filme – Jornal de Brasília

Governo libera captação de quase R$ 1 mi para DVD de Vanessa da MataFolha Online

Poisé. Em linhas gerais, para quem não está familiarizado com o processo, vou tentar explicar como ele se dá:
1- Uma infinidade de projetos, ditos “culturais” (por seus autores), são enviados para o MinC para que sejam analisados.
2- Desses, alguns são selecionados e, então, autorizados a captar recursos no meio privado num valor máximo determinado pelo Ministério.
3- Em troca deste “apoio”, as empresas que patrocinam tais projetos têm um abatimento de até 4% no imposto de renda, em até 100% do valor empregado.

Deixa eu ver um exemplo. Digamos que eu tenha uma empresa que paga 100 reais de IR por ano. Então eu posso utilizar 4 reais para patrocinar algum projeto “cultural”. Em contrapartida, pagarei ao governo 96 reais de IR. Ou seja, um baita negócio, porque o que ganharei com a divulgação da minha marca é 100% lucro!

De qualquer maneira, não critico o mecanismo. Não conheço sua origem, nem suas motivações. Mas pelo menos já vi alguns projetos bem legais bancados graças a essa lei, como alguns cds de músicos da terra (por ironia, fui rapidamente procurar na minha estante algum exemplo e… nada!)

O grande “X” da questão é que tipo de projeto ajuda no fortalecimento de nossa cultura!

As duas manchetes no topo da postagem são um retrato de como as autoridades (grande parte) consideram como cultura em nosso país.

Será que acabou??
De jeito nenhum. No caso do DVD da grande artista popular (???) Vanessa da Mata (pausa para um comentário: Ziraldo defende que assim como o ponto de interrogação e o ponto de exclamação, deveríamos inventar o ponto de ironia, pois assim, ficaria bem claro, até para os leitores menos atentos, quando algo escrito se trata de ironia pura.)

Pois bem, voltando… No caso do DVD da Vanessa da Mata alguns detalhes tornam a situação bem pior.
O primeiro deles dá conta da distribuição, que será feita pela gravadora Sony BMG, ou seja, uma grande multinacional da indústria fonográfica.
Além disso, trata-se de um produto altamente comercializável e com previsão de lucro.

Qual foi a justificativa do governo?
“a gravação do DVD visa fomentar a nova geração da música popular brasileira”, disse Tânia Leita, secretária substituta da Secretaria do Audiovisual do MinC.

Cagar tudo bem, mas esfregar o bolo fecal em nossas caras?!? Já é demais!
Leia mais em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u314884.shtml

Show de Bola?
A situação com o filme da Bruna Surfistinha não muda muita coisa não. E as cifras são bem maiores. O Filme será baseado no cultural (ahhh se eu tivesse um ponto de ironia) “O Doce Veneno do Escorpião”.

Agora estão liberados para captar R$ 3.998.621,65 por meio de mecanismo de renúncia fiscal. E tudo isso se converterá em menos impostos pagos ao governo por empresas privadas.

O que diz a Bruna, que na verdade se chama Rachel Pacheco, sobre tudo isso?
“Show de bola, hein?”. Pois para mim, é bola fora!
Leia mais em: http://emsergipe.globo.com/nesseinstante/exibir_noticia.asp?id=87316

Pode ficar pior?
Mas é claro. Existe um debate no Congresso para que a Lei Rouanet beneficie também igrejas evangélicas. Ou seja, tais igrejas poderiam captar recursos utilizando o mesmo mecanismo! A proposta é do senador Marcelo Crivella do PRB do Rio de Janeiro.
Leia mais em: http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=438ASP003

Bom, com todo esse “animador”(olha o ponto de ironia ai mais uma vez) quadro eu proponho a criação do Prêmio “Mas será o fim do mundo?!?”

Então a 1ª Edição do Prêmio “Mas será o fim do mundo?!?” vai para o Ministério da Cultura e para o Senador Marcelo Crivella!

Aliás, para não terminar só em crítica, o MinC, acho que no ano passado, lançou a proposta de criação da ANCINAV. Tai algo que eu acho que seria legal. Uma boa proposta do governo. Pena que foi engolida. Deixo para comentar em outro momento.

Um abraço!

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