“No relatório, são apresentados sete casos que exemplificam a situação vivida em nosso país. Para a divulgação na Univasf a gente vai contar com depoimentos de atingidos pelas barragens de Sobradinho (1978) e Itaparica (1988), além de ameaçados pelos projetos de Riacho Seco e Pedra Branca”, explica Marta Rodrigues, da Coordenação Regional do Movimento de Atingidos/as por Barragens (MAB).
A Comissão Especial “Atingidos por Barragens”, em quatro anos de atuação, recebeu denúncia de violação de direitos em processos de planejamento, licenciamento, implantação e operação de 74 barragens. Foi reconhecido um padrão de violação, “cujas consequências acabam por acentuar as já graves desigualdades sociais, traduzindo-se em situações de miséria e desestruturação social, familiar e individual”, como afirma o relatório.
A construção da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, nos anos 70, é um dos casos mais exemplares de violação dos direitos humanos. Em seus 350 km de extensão estão submersas terras de sete municípios do Submédio São Francisco. 70 mil pessoas foram deslocadas, das quais 80% eram camponesas que viviam nas férteis planícies de aluvião. O Estado, sem consulta prévia às comunidades, interveio coercitivamente no espaço físico para a construção da barragem, reassentando as famílias em solos impróprios para o plantio.
Com a privatização do setor elétrico nos anos 90, a situação dos atingidos por barragens tornou-se ainda mais difícil. “As empresas passaram a negar todos os avanços conquistados no período estatal e as práticas ditatoriais voltaram com toda força, agora praticadas pelas empresas privadas e com respaldo da maioria dos governos e do Estado brasileiro”, ressalta a Coordenação Nacional do MAB.
O relatório confirma as denúncias que o MAB vêm fazendo há 20 anos, motivadas pela ausência de uma política nacional que reconheça e garanta os direitos das populações atingidas e pela precariedade e insuficiência dos estudos ambientais realizados pelos governos federal e estaduais, além da caracterização restritiva e limitada do conceito de atingidos por barragens aceitados pelas empresas. A recomendação é que sejam adotadas mais de 100 medidas para garantir e preservar os direitos humanos dos atingidos por barragens, evitando novas violações.
Serviço
Movimento de Atingidos/as por Barragens (MAB).
Marta Rodrigues – 74-9147-8282