Arte e Política. Arte é Política?

Tchau, Jarbas! (Gil Vicente)

Lembro de debates acalorados que tinha sobre arte e política com Fredão, médico, ator e comentarista contumaz deste blog. Talvez naquela época carregasse um tantinho mais de leiguice que hoje.

Não vem ao caso o que penso agora, mas a essência do que dizia na época era o seguinte: não existiria arte sem política. Não me referia, necessariamente, à arte panfletária. Mas não concebia a arte pela arte. Lembrei dessa história ao ler reportagem no jornal de hoje que fala da mostra: Nós-Vó-Gov: O que pode e o que não pode que tem início na próxima sexta-feira no Núcleo de Artes Visuais e Experimentais, na rua do Lima, aqui no Recife. A exposição reunirá os artistas Gil Vicente, Flávio Emanuel e Rodrigo Braga.

A reportagem trata do intencional conteúdo político das obras. Chamo atenção para duas.

As de Gil Vicente tratam-se de espécies de auto-retratos em que ele aparece apontando armas pra representantes de instâncias do poder político-social e religioso. No início e no final da postagem publico dois deste desenhos.

Já o Flávio Emanuel fez uma intervenção que, digamos assim, provocou certa mobilização de aparatos do estado. Ele produziu um artefato parecido a uma bomba e colocou próximo a uma agência da Celpe (companhia de energia de Pernambuco privatizada por Jarbas) localizada na Conde da Boa Vista, principal avenida do centro do Recife. Quando percebido (o artefato), a agência foi fechada, a avenida interrompida. Todo um protocolo foi seguido até que a suposta bomba fosse detonada. Agora, o interessante: a polícia anunciou à imprensa, após a detonação, que foram encontradas uma série de frases desconexas escritas num papel que estava dentro da “bomba”. Mas não eram frases desconexas: o artista escreveu “eu te amo” em vários idiomas.

Reproduzo o trecho da reportagem: “A idéia de Flávio Emanuel era chamar a atenção para o que artista considera uma nova forma de ditadura, não política, mas econômico-social, já que todos os cidadãos estão subordinados, de algum modo, aos caprichos de prestadores de serviço – telefônicas, empresas de energia elétrica, cartões de crédito e órgãos governamentais.”

A despeito de algumas divergências teóricas, ótima ação, não?

Minha legenda livre seria: “Vende o país agora, seu merda!

6 comentários

  1. Sei la…acho que agora nem sei se tem a arte da arte. Eu preciso ler mais Ferreira Gullar. Sei definitivamente que todo mundo pode fazer obra de arte mas uma obra de arte para ter qualidade 'e outros quinhentos.

    quanto a exposicao..bem, acho que vou dar uma passada pra ver se lincho o PALHACO que colocou a "bomba" na boa vista.

    Poderia ter avisado o SAMU ?? Pessoas deixaram de ser atendidas gracas ao nosso amigo "artista"…e' ai que digo da diferenca da obra de arte para uma obra significativa. Tudo que ele conseguiu, publicidade, ele teve…mas e a discussao que levantou ?? nenhuma.

    quanto a legenda do fhc..a minha seria: nao venderas mais o pais, fdp.

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