Guardiola na Seleção Brasileira de Futebol?

Esta talvez seja uma das coisas mais sem sentido que ouvi nos últimos tempos.
Não por Guardiola. Não vou ficar repetindo o que muitos já estão dizendo por aí, mas queria elencar apenas duas características neste profissional que o lançam, talvez, como a maior novidade no futebol profissional do mundo nos últimos tempos:
Em primeiro lugar, o mais óbvio, a excelência do futebol apresentado pelos seus comandados. A extrema qualidade de se desvincular de vários lugares-comum do futebol e fazer sua equipe mostrar um lindo futebol, seja com 3 ou 4 atacantes em campo, ou até mesmo quando entrou com apenas um atacante por definição. Guardiola conseguiu jogar na lata do lixo várias das simplificações às quais estão presos a esmagadora maioria dos técnicos em nosso país que ficam o tempo todo tendo que dar resposta a dúvidas do tipo: “O time entre no esquema 4-4-2 ou 5-3-2?
Não há dúvidas de que o Pep contou com um bocado de “sorte” de contar com um elenco do naipe do Barcelona, mas que por si só não apresentaria o futebol que apresentou (e apresenta) ao resto mundo.
Em segundo lugar, é todo o respeito que apresenta por sua região, a Catalunha. Tal região é uma comunidade autônoma da Espanha e que sofreu séria repressão cultural e política por parte da Ditadura de Franco. Hoje possui sua autonomicidade novamente reconhecida, mas sua história e seu presente seguem como símbolos da resistência de um povo.
De toda forma, voltando ao debate, a bizarrice da história está em alguém realmente acreditar que Guardiola possa vir a treinar o Brasil. Nem sei o treinador teria este interesse. Porém com certeza não está entre os interesses da CBF ter um cara como Guardiola no comando da seleção.
Hoje a CBF e, por tabela, a Seleção Brasileira servem apenas como pretexto para que um grupelho mantenha-se no poder e aufira lucros astronômicos. Estão neste bolo figuras como Ricardo Teixeira e João Havelange, mas com espaço para outros, como grande parte do conluio que compõe o comando do futebol mundial como a FIFA, CONCACAF, UEFA e tantas outras. Somente com muita inocência poderia-se presumir mudanças estruturais no futebol brasileiro com a queda de Ricardo Teixeira e consequente ascensão de José Maria Marin, o ladrão de medalhas pego em flagrante nas câmeras de TV pra todo Brasil.
Não à toa que Dunga, um cara que não apresentou nenhum traquejo como treinador, ficou tanto tempo por lá. Imaginavam uma nova revelação do futebol mundial? Com certeza que não, mas sem dúvida não confrontava nenhum dos interesses de Ricardo Teixeira e dos patrocinadores da CBF.
Pelo mesmo motivo Mano Menezes está lá, enquanto o futebol apresentado pela Seleção é de doer nos olhos. Mano é componente do mesmo grupo onde está uma figura do naipe do André Sanchez, ex-presidente do Corinthians e com relações notórias com máfias como a que coordenava a MSI.
É por acreditar no potencial mobilizador do futebol e por buscar ver sempre o seu lado belo, como Eduardo Galeano me ajudou a enxergar, que só vejo uma mudança de rumo no futebol brasileiro, e no mundial, com uma verdadeira e brusca transformação estrutural em tudo que envolve este esporte.

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