Michel Zaidan e a política da desqualificação

Professor Michel Zaidan critica privatização da Saúde em Pernambuco
Na semana passada o professor Michel Zaidan escreveu um artigo criticando a forma como o Governo de Eduardo Campos tem tocado a questão da saúde no Estado de Pernambuco. (leia em Quando a Saúde se transforma num grande negócio.)

Daí, então, acho que num espaço menor que 24 horas já havia resposta pronta por parte do campo que hoje governa o Estado. Veio assinada por um vereador de Paulista chamado Júnior Matuto. Mas com um grande problema: ao invés de debate, somente desqualificações ao professor Michel Zaidan. Sugiro a leitura somente para ter uma idéia do “nívi”: Psicanalisando o Professor Zaidan

Segue o texto que escrevi ao me deparar com esse cenário:

É de conhecimento de todos que o Governo de Eduardo Campos hoje não tem, nem de longe, uma oposição que lhe faça frente. Nem à esquerda e nem à direita. Esta última esturricada e quase que completamente cooptada pela política de hegemonia da chamada Frente Popular encampada por Eduardo Campos.

Mas esse quadro não pode servir de pretexto para atacar pessoalmente a quem ameaça críticas, deixando o debate político de lado. Infelizmente essa tem sido a prática política adotada pelo Governo e seus defensores. Um grande exemplo foi a carta publicada hoje, no Blog do Jamildo, assinada por um vereador da cidade de Paulista-PE de alcunha Júnior Matuto com vários ataques ao Professor Michel Zaidan.

Antes de tudo deixo claro que não conheço pessoalmente nem o Júnior Matuto, nem o Professor Michel Zaidan. O meu lamento surge da ótima oportunidade perdida de se problematizar a fundo a questão da gestão e do financiamento da saúde no Estado de Pernambuco. Ao invés disso, um espaço importante na mídia utilizado com ataques que não nos levam a canto nenhum e nem contribuem com a melhoria das condições de nosso povo.

O debate sobre os caminhos da saúde é essencial para que corrijamos os rumos do SUS e este possa, definitivamente, atender ao máximo aos anseios da população. E, no caso de Pernambuco, faz-se mandatório discutir e aprofundar a escolha pelo modelo de Organização Social de Saúde (OSs). Não dá para entregar hospitais novos e UPAs a uma organização privada (sim, o IMIP é privado)e não esperar que haja uma reação da sociedade.

Por ora, não questiono aqui o trabalho realizado pelo IMIP, até porque conheço profissionais bastante sérios e competentes que ali trabalham. Questiono a opção. E abrir mão da administração direta não parece boa escolha.

Em alguns locais onde o modelo de OSs está há mais tempo em funcionamento, os problemas são vários. Em São Paulo, por exemplo, relatório do Tribunal de Contas do Estado confirma que OSs são deficitárias e menos eficientes. Evidencia também, entre outros pontos,  que o custo é mais alto, a taxa de mortalidade é maior e que há uma ampliação da desigualdade salarial entre os trabalhadores. Afora as várias denúncias de corrupção.

Por tudo isso, espero sempre que Governo e seus defensores aproveitem as críticas para promover o debate, ao invés de esconder-se por trás de críticas pessoais e desqualificações.

Aristóteles Cardona Júnior

Residente em Medicina de Família e Comunidade pela UNIVASF em Petrolina e militante da Frente Contra as Privatizações na Saúde do Vale do São Francisco.


No link ao lado segue o relatório do TCE-SP citado no texto. http://www.chicao.blog.br/tce-os.pdf

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